Número de mortes bate recorde em 2021, e quantidade de nascimentos é a menor desde 2003, diz IBGE
Crescimento de 18% nos registros de óbitos é atribuído à continuidade da pandemia e representa a maior variação percentual na comparação com o ano anterior desde 1974
O número de óbitos cresceu 18% (+273 mil mortes) em 2021 e totalizou aproximadamente 1,8 milhão. Trata-se do novo recorde na série, com a maior quantidade absoluta e a maior variação percentual na comparação com o ano anterior desde 1974.
A quantidade de nascimentos, por sua vez, caiu 1,6%. Com a redução de cerca de 43 mil bebês no ano, o volume ficou próximo aos 2,6 milhões de nascimentos, o nível mais baixo da série, considerando os dados a partir de 2003, quando houve uma mudança metodológica na pesquisa.
As informações divulgadas nesta quinta-feira (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) integram as Estatísticas do Registro Civil. Ao analisar os dados, Klívia Brayner, gerente responsável pela pesquisa, afirma que a pandemia de Covid-19 mexeu muito com a parte demográfica do Brasil nos últimos anos.
“Quando a demografia faz seus estudos, desenvolve projeções baseadas em um cenário mais ou menos estável. Mas o número de nascimentos ficou muito abaixo do que a própria projeção do IBGE mostra, e o número de óbitos, muito acima”, explica a pesquisadora.
Em 2020, o número de óbitos já havia chegado ao seu patamar mais elevado (cerca de 1,5 milhão). Com a continuidade da pandemia, o número de óbitos em 2021 teve aumento superior ao observado em 2020. Na comparação com 2019, a alta foi de 469 mil mortes (+35,6%). Já no período anterior à pandemia, de 2010 a 2019, o crescimento médio anual de óbitos era de 1,8%.
O aumento da quantidade de óbitos ocorreu especialmente no primeiro semestre de 2021, com destaque para o mês de março, com 202,5 mil mortes, valor 77,8% superior ao registrado em março de 2020. A partir de julho de 2021, observa-se uma tendência de queda e, de setembro em diante, o número de óbitos começa a cair em comparação ao do mesmo mês do ano anterior.
“A implementação de medidas sanitárias e, posteriormente, as campanhas de incentivo à vacinação parecem ter contribuído para o recuo da pandemia e suas consequências. Há uma clara aderência entre a diminuição no número de óbitos e o avanço da vacinação no país”, avalia Klívia.
A análise por idade mostra que o crescimento no número de óbitos em 2021 foi mais intenso do que em 2020 entre os adultos de 40 a 49 anos (35,9%) e de 50 a 59 anos (31,3%). Já os idosos de 70 a 79 anos e de 80 anos ou mais tiveram aumentos abaixo dos registrados no ano anterior.
Nascimentos
Ao longo de todo o ano de 2021, 2,7 milhões de registros de nascimento foram efetuados em cartórios brasileiros, número 1,6% menor (-43,1 mil nascimentos) do que o apurado em 2020 e que representa a terceira queda anual consecutiva na comparação com o ano anterior.
Do total de nascimentos, 2,6 milhões são relativos a crianças nascidas em 2021 e registradas até o primeiro trimestre de 2022, e aproximadamente 3% (73 mil) correspondem a pessoas nascidas em anos anteriores ou com o ano de nascimento ignorado.
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“A redução de registos de nascimento, observada pelo terceiro ano consecutivo, parece estar associada à queda da natalidade e da fecundidade no país, já sinalizada pelos últimos censos demográficos. Outra hipótese é que a pandemia tenha gerado insegurança entre os casais e feito com que a decisão pela gravidez tenha sido adiada”, avalia Klívia.
Entre 2018 e 2019, a redução nos nascimentos foi de aproximadamente 3% (cerca de 87,8 mil). Entre 2019 e 2020, de 4,7% (menos 133 mil nascimentos). Quando analisada a média anual de nascimentos ocorridos no período de 2015 a 2019 (cerca de 2,9 milhões ao ano), cinco anos anteriores à pandemia, a redução em 2021 foi de 232.625 nascimentos, o equivalente a 8,1%.