Equipe da transição de governo defende aumentar mistura de biodiesel no diesel em 2023.

Equipe da transição de governo defende aumentar mistura de biodiesel no diesel em 2023.

Governo atual prorrogou até março de 2023 o percentual obrigatório de 10% de biodiesel no diesel, para tentar baixar o preço do combustível. O biodiesel é considerado menos poluente.

Integrantes do governo de transição defendem aumentar no próximo ano o percentual obrigatório de biodiesel a ser acrescido ao óleo diesel vendido ao consumidor final.

Atualmente, a adição obrigatória de biodiesel está em 10%, abaixo do percentual estabelecido na Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). Foi uma das diversas medidas adotadas pelo atual governo para baixar o preço do diesel.

Isso porque os custos das matérias-primas do biodiesel subiram com a pandemia, a alta do dólar, a guerra na Ucrânia e a quebra da safra de soja, fazendo com que, quanto maior o percentual de mistura, mais caro fosse o litro de diesel para o consumidor.

Volta do escalonamento

Já para o próximo ano, a ideia, segundo o senador Jean Paul Prates (PT-RN), coordenador de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do governo de transição, é usar o período de transição de 90 dias estabelecido pelo atual governo para discutir o aumento do percentual.

Nesta semana, o atual governo decidiu manter em 10% a mistura obrigatória de biodiesel no diesel até 31 de março de 2023. Até então, o percentual de 10% iria somente até dezembro deste ano.

Já pela política do RenovaBio, suspensa pelo atual governo, o percentual deveria estar em 14% desde março deste ano e passar a 15% em março do ano que vem.

A resolução do governo prorrogando os 10% até março de 2023 foi publicada em edição extra do “Diário Oficial da União” (DOU) desta sexta-feira (25).

Segundo Prates, não houve nenhuma objeção por parte do grupo de Minas e Energia do governo de transição para a prorrogação. A ideia é usar o período para definir o calendário de aumento da mistura.

“[Período de transição] vai ser de até 90 dias, para a gente poder resolver dentro do novo governo o que vai fazer”, afirmou Prates. “Nos 90 dias se discute isso, provavelmente voltar a escala de crescimento da mistura”, completou.

O senador também disse que a nova tabela pode sair antes de março, em fevereiro ou mesmo em janeiro. E que o objetivo é sim ao voltar ao crescimento escalonado da adição obrigatória, como estava previsto na política do RenovaBio, interrompida pelo atual governo.

O que diz o grupo de Agricultura

O grupo técnico de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo de transição chegou a soltar uma nota pública se manifestando contra a decisão do atual governo em manter a mistura em 10% até março de 2023. O grupo também solicitou que a resolução com a prorrogação não fosse publicada.

“Trata-se de um duro e duplo golpe: na cadeia produtiva do biodiesel, que trabalha com base no planejamento, e na sociedade, ao contribuir para o aumento da emissão de gases efeito estufa”, disse o GT em nota.

Depois das declarações de Prates, o senador Carlos Fávaro (PSD-MT), integrante do grupo da agricultura e coordenador-geral da frente do biodiesel, negou ao g1 que haja uma divisão de opiniões entre o grupo ligado ao agronegócio e o grupo de Minas e Energia do governo de transição.

Ele afirmou que em janeiro a mistura terá de continuar em 10%, porque não haveria mais tempo hábil para o setor se adaptar. Porém, ele defendeu que o aumento possa começar já em fevereiro.

“Não adianta ser 14% [já em janeiro, conforme prevê a política do RenovaBio] e não estar combinado com a indústria, ela não ter comprado estoque de óleos e tal. De repente, fevereiro B12, março 14”, disse, ao se referir aos possíveis percentuais para o próximo ano.

catufm

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